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A luta feminina contra o DNA cultural do machismo

O que mudou para as mulheres ao longo da história? Nos últimos 100 anos, as mulheres obtiveram conquistas na maioria dos países, como direito de votar, liberdade de ir e vir, estudar, trabalhar e contam com leis de proteção e punitivas contra a violência. No entanto, nem mesmo nos países desenvolvidos, onde as mulheres têm bom nível de liberdade, estão isentas do preconceito.


Parece existir um “DNA cultural do machismo”, passado de geração em geração, que determina e perpetua o preconceito contra as mulheres. Apesar do avanço da tecnologia e do acesso à informação, a mudança cultural libertária é muito mais lenta.


Crédito: Sinsaúde
Crédito: Sinsaúde

Nesse mundo organizado por homens e para homens, as mulheres se esforçam mais para provar sua capacidade intelectual e sua força. No último século, elas demonstraram coragem para derrubar os obstáculos do preconceito, mesmo arriscando suas vidas. Independente do país e do tempo, a luta feminina pela liberdade, igualdade e respeito, é contínua.


Coragem foi a característica marcante da inglesa Florence Nightingale (1820-1910). Quando mulheres não podiam ser soldados, enfrentou a Guerra da Crimeia (1853-1856) e dedicou-se a cuidar dos feridos. Organizou práticas rigorosas de higiene e reduziu as taxas de mortes. Escreveu os primeiros livros sobre a enfermagem com base nas ciências e fundou, em 1860, a primeira escola de treinamento. Da mesma forma, Anna Justina Ferreira Nery (1814-1880) construiu a enfermagem no Brasil, como voluntária na Guerra do Paraguai (1860-1870). Elas são referências para a categoria da saúde, composta por 85% de mulheres.


A polonesa Marie Curie (1867-1934), por exemplo, precisou enfrentar a predominância masculina nas ciências. Estudou radioatividade por anos, escondida, e revolucionou os tratamentos médicos contra o câncer. Em 1911, foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel em química e física.


Já a austríaca Hedy Lamarr (1914-2000) desconstruiu a ideia de que mulher bonita não era inteligente. Em 1941, a atriz de Hollywood criou um sistema de comunicação usado na Segunda Guerra Mundial, o que resultou no wi-fi e no bluetooth.


No esporte, a alemã Kathrine Switzer, então com 20 anos, desafiou os estereótipos e mostrou seu potencial físico. Completou a Maratona de Boston em 1967, exclusiva para homens. Registros fotográficos mostram homens tentando impedi-la de correr, puxando-a pela blusa.


A presença feminina sempre encontrou resistência com violência.


Em 1983, Maria da Penha (1945) foi alvo de tiros disparados por seu marido. Desde então, transforma histórias por meio da justiça, mas foi em 2006 que a Lei Maria da Penha (Nº 11.340) foi sancionada e hoje é considerada uma das mais avançadas do mundo.


Em 2012, uma menina de 15 anos chamou a atenção do mundo por enfrentar o Talibã, um regime político extremamente repressivo contra as mulheres. Ao levantar a bandeira do direito das mulheres à educação no Paquistão, Malala Yousafzai (1997) levou um tiro na cabeça. Sobreviveu e foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel da Paz. Hoje é símbolo da luta feminina.


Essas histórias comprovam que o preconceito ainda persiste e que pertencer a si é o maior desafio enfrentado pelas mulheres. Mesmo assim, elas continuam abrindo caminhos inspiradores para novas histórias e evolução do mundo.

 

Sofia Rodrigues do Nascimento

Presidente do Sinsaúde




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